O JOVEM CRISTÃO E SUA RELAÇÃO COM O
MUNDO
Arthur Nantes de Alencar[1]
1.
INTRODUÇÃO
Uma
das grandes questões para o cristão evangélico, mais especificamente
assembleiano, é a sua relação com o mundo e como viver em uma sociedade
corrompida que perdeu os valores éticos e morais, caindo no absurdo do
relativismo em busca do seu próprio ideal. Assim, muitos cristãos estão
perdidos no sentido de que não sabem como agirem e viver neste mundo sem compactuar
com ele, alem do mais, muitos são oprimidos pelo sistema religioso, que
equivocados, prendem o cristão em seu reduto dizendo ser pecado se relacionar
com a sociedade na qual vive em grande tempo de confusão e distanciada dos princípios
bíblicos.
Este
estudo, portanto, visa refletir um pouco sobre este assunto e ajudar os
cristãos, principalmente jovens, sobre a vontade divina do nosso viver.
Partindo disto, será usada a seguinte metodologia: em primeiro lugar, faremos
uma breve apresentação no contexto atual e os seus desafios para a igreja;
depois o que o cristão deve fazer para viver com a sociedade e por ultimo
aspectos bíblicos para o viver cristão.
2.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Mudanças
de visões de mundo, pensamentos e ideologias são constantes no período
histórico sociológico da humanidade. È importante diante destas mudanças no
mundo, a igreja estar sintonizada para tudo o que acontece, e o que tem se
passado na mente da sociedade nos dias hoje.
A
sociedade tem passado por um período considerado e denominado por muitos
sociólogos e pensadores como o período da pós-modernidade, não no sentido de
uma evolução do modernismo do Iluminismo, mas como um período que rejeita seus
ideais e princípios, a pós-modernidade foi uma ruptura contra o projeto moderno.
Para entender mais sobre o que é isso devemos relembrar que o modernismo foi o
movimento da “explosão da razão”, na qual o homem pelos avanços da sociedade e
da razão ser humana, este deificou a razão e por conseqüência elevou o homem ao
lugar mais alto. Através disto que se teve a ideia da “Morte de Deus”[2], com o avanço técnico e
cientifico em alta, não seria necessária mais uma divindade intervindo para o
bem do homem, dava-se inicio o progresso, lema da modernidade.
Porem,
não foi bem isto que aconteceu, a crença no progresso pela razão humana falhou, o poder da razão em grandes
catástrofes na natureza para a busca do crescimento do poder humano e também a
razão levou homens como Hitler[3] em idealizar uma sociedade
perfeita, fez o que fez matando grande numero de pessoas, acontecimento que
marcou o mundo ate hoje e nos entristece ate hoje quando estudamos os
acontecimentos desta época.
Bem,
como vimos a modernidade falhou, e foi sobre estes aspectos que surgiu o homem
pós-moderno. A pós-modernidade rejeita todos os fundamentos da modernidade,
como também sua crença num mundo perfeito rumo ao progresso. Assim surge o homem pós-moderno, sem
fundamentos, incrédulos e irracionais, a pós-modernidade, portanto se
caracteriza pelo relativismo, não existe mais verdades absolutas; pluralismo,
pluralidade de ideias. Em uma linguagem popular, o homem pós-moderno “chuto o
balde”, não acredita em mais nada, busca apenas o que lhes satisfaz naquele
momento, são eles narcisistas e hedonistas.
Diante
deste agravo, surgi então os famosos movimentos, os hippies são um exemplo interessante deste movimento, a
despreocupação com a vida. Isto repercutiu para que a sociedade perca seus
valores éticos, morais, hoje tudo se pode, e você não será mais criticada pelo
o que você fazer, o que era completamente errado e indigno antes hoje já não é
mais, como exemplo disso é o consenso para a aceitação do homossexualismo.
Resumidamente a sociedade de hoje, influenciada por este novo movimento, prega
o seguinte: “Viva! Sem ligar com o que vem amanha, não se desgaste em procurar
o que é verdade e o que é certo, isso não da certo, se esqueça do que os outros
pensam, apenas vivam para satisfazer suas vontades.”
3.
O
CRISTÃO VIVENDO HOJE
Como foi visto a sociedade hoje, tem
se desviado totalmente do ideal divino, da moral, da ética e da verdade
absoluta. Pensando nisto, fica difícil tentarmos pensar em uma relação do jovem
cristão com a sociedade de hoje, mas o
que a igreja deve fazer e agir diante destas verdades. Para uma resposta para
esta questão devemos fazer algumas reflexões e também analisarmos biblicamente
sobre o que Deus deseja que façamos.
Em primeiro lugar, a pós-modernidade
é um desafio para a igreja, é necessário cuidados dos cristãos em não se
juntarem aos pensamentos pós-modernos que são antibíblicos, mas homem
pós-moderno é apenas fruto do decorrer da sociedade e seu afastamento de Deus,
como foi dito já, eles perderam seus fundamentos, não sabem mais no que crer,
portanto a igreja tem seu dever neste ponto, não é apenas olhar para eles como
produtos de evangelização, mas sim como uma sociedade que precisa de
fundamentos, uma sociedade perdida, e como diz Alan Ricardo só se acha aquilo
que está perdido. Portanto, o dever da igreja não é se isolar, mas ajudar estas
pessoas trazendo um fundamento a elas, este fundamento, esta ética só o Senhor
tem, fazer amizades não é errado, ao contrário é importante, porem sabendo que
amizade não é fazer e nem compactuar com os pecados da sociedade.
Em segundo lugar, pelo contexto no
qual a igreja vive, não é motivo de parar de viver. A vida é um dom de Deus,
nos temos esta liberdade cristã, somos livres, e podemos muitas coisas, só não
podemos pecar, e pecar seria fazer algumas coisa que não glorifique a Deus.
Isto também faz parte da espiritualidade cristã, viver, o ser humano dotado de
sentimentos e desejos e isto deve ser cuidado, isolar-se no mundo seria não
satisfaze a vontade do homem, sempre
segundo a vontade divina. Portanto, numa sociedade caótica, preocupante,
descrente, o jovem cristão deve continuar a viver, e viver normalmente, nada
pode nos abalar. Essa foi a vontade divina para Israel que estava cativa na
Babilonia, lugar de outros costumes e crenças, mas o Senhor ordenou a eles por
intermédio de Jeremias que continuassem a viver, e viver normalmente ( Jr 29.
4-14).
Em terceiro lugar, o sal só pode salgar,
a luz só pode iluminar se influenciarmos a sociedade através de nossas vidas. Que
a sociedade ache em nós o que inconscientemente eles tanto procuram. Igreja não
significa, povo chamado para dentro, mas sim o povo chamado para fora, nossa
missão é extramuros.
Portanto, segue aqui esta pequena
reflexão, o cristianismo perde muito fieis entristecidos por uma religião que
aprisiona o fiel dentro de paredes e não permitem viver. Que seja a busca da
igreja nos dias de hoje, em conscientizar todos as formas de viver normalmente
neste mundo sem ser deste mundo, sendo também exemplo, e não viver presos e sem
vida, porque viver é ser espiritual, afinal “quanto mais humano nós somos, mais
espirituais nos tornamos. Que cresça uma igreja santa sadia, feliz e que faça
diferença na sociedade de hoje.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO,
Alan Ricardo- Aula em sala de aula, IBAD,
2011
GASTALDI, Ìtalo. Educar
e Evangelizar na PÓS-MODERNIDADE. 4º Ed. São Paulo, Editora Salesianas,
1998
PIPER,
John.
SANTOS
JÚNIOR, Reginaldo José. REFLEXÕES SOBRE
EVANGELIZAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE
RAMOS,
Robson. Evangelização no Mercado
Pós-Moderno. Viçosa, Ultimato, 2003.
STEVENS,
Paul, Espiritualidade na Prática, Viçosa,
Ultimato
[1]Graduado
em Teologia pelo Instituto Bíblico das Assembléias de Deus,
Bacharel em Teologia pela Faculdade Boas Novas – AM,
Pós-graduando em Filosofia pela Universidade Gama
Filho - SP
Email: arthur.nantes@gmail.com
[2] A
expressão "A morte de Deus" refere-se ao conceito do filósofo
Friedrich Nietzshe, na qual em sua critica ao cristianismo e a religião junto a
um olhar sociológico de seu tempo chega a conclusão que Deus não era mais o
centro de todas as coisas, passando assim a dizer que Deus morreu.
[3]
Influenciado pelo pensamento de construir uma sociedade perfeita, Hitler foi o
comandante de um dos massacres que mancharam a historia da humanidade.